(Escrito na segunda feira, 11 de abril de 2011)
Hoje tive após muito tempo a sensação de ser paulistano. De ver que tudo pode acontecer, e Sampa segue sem parar.
Andando tranquilamente pela Avenida Paulista senti os primeiros sinais de chuva, olho para uma senhora que, calmamente retira seu guarda-chuvas da bolsa e o abre com a mesma calmaria. Ao olhar para os lados percebo que praticamente todos já portavam suas proteções.
Procurei um abrigo, fiquei no vão do MASP observando tudo que acontecia ao redor, a fina garoa dava um ar gracioso à minha cidade. Vejo um grupo de adolescentes reunido, há alguns anos eu era um deles, aqui mesmo, na Avenida Paulista, relaxando dos estudos para o vestibular.
Outro grupo de jovens confraterniza e se diverte, lembrando o tempo que eu e meus amigos caminhávamos por aqui, conversando e partilhando descobertas e conquistas, aquela é a imagem perfeita que faço da adolescência: eu e meus amigos sorrindo, após vermos um filme alternativo no cinema da Gazeta.
Por incrível que pareça alguns daqueles amigos ainda continuam fazendo parte da minha vida. É claro, não com a mesma intensidade, mas ainda sim penso neles com carinho. Muitos foram embora, como eu, mas todos voltaram, e eu também. Acredito que gosto de São Paulo com a mesma força que desprezo por não querer gostar.
Olho ao redor: estou sentado em um restaurante escrevendo, as pessoas conversando, casais namorando e tudo não passa de uma ilustração bela de Sampa: milhões de pessoas vivendo suas vidas diferentemente, e não se importando com as outras, disso eu gosto! Mas ao mesmo tempo que cada uma dessas vidas é individualizada e pequena, é como se São Paulo fosse uma grande imagem, repleta de píxeis, cada um em sua particularidade é insignificante. Mas juntos formam essa imensidão, e mesmo isolados, todos estamos conectados, e é o que faz da vida e da minha cidade coisas tão magníficas.
